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Conto de Natal

A noite é quase gelada.  Contudo, Mariazinha É a menina de outras noites Que treme, tosse e caminha…  Guizos longe, guizos perto…  É Natal de paz e amor. Há muitas vozes cantando: — “Louvado seja o Senhor”! A rua parece nova Qual jardim que floresceu. Cada vitrine enfeitada Repete: “Jesus nasceu”! Descalça, vestido roto, Mariazinha lá vai…  Sozinha, sem mãe que a beije, Menina triste, sem pai. Aqui e ali, pede um pão…  Está faminta e doente. — “Vadia, sai depressa”! É o grito de muita gente. —”Menina ladra”! – outros dizem: —”Fuja daqui, pata feia! Toda criança perdida Deve dormir na cadeia”! Mariazinha tem fome E chora, sentido em torno O vento que traz o aroma Do pão aquecido ao forno. Abatida, fatigada, Depois de percurso enorme, Estira-se na calçada…  Tenta o sono, mas não dorme. Nisso, um moço calmo e belo Surge e fala, doce e brando: — Mariazinha, você Está dormindo ou pensando? A pequenina responde, Erguendo os bracinhos nus: — Hoje é noite de Nat...

Página do Natal

“Luz para alumiar as nações”. – Lucas, 2:32. Há claridade nos incêndios destruidores que consomem vidas e bens. Resplendor sinistro transparece nos bombardeiros que trazem a morte. Reflexos radiosos surgem do lança-chamas. Relâmpagos estranhos assinalam a movimentação das armas de fogo. No Evangelho, porém, é diferente…  Comentando o Natal, assevera Lucas que o Cristo é a luz para alumiar as nações. Não chegou impondo normas ou pensamento religioso. Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos. Não disputou com os filósofos quanto às origens dos homens. Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida. Fez luz espírito eterno…  Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exércitos e sacerdócios, armamentos e tribunais. Trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo. Revelou a grandeza do serviço à coletividade, por interméd...

Rimas do Natal

Natal! – enquanto enfarpelas Teu salão aurifulgente, Desfilam, junto às janelas, As dores de muita gente. Natal!… Um pobre foi visto, Passando sobre pedradas. Soube, depois, que era o Cristo Batendo a portas fechadas. Natal! Quem foge ao preceito De repartir o seu pão Carrega um calhau no peito, Em forma de coração. O Natal em toda idade É sempre nova alegria, Mas nos dons da caridade, O Natal é todo dia. Natal!… Festeja esquecendo Quaisquer preconceitos vãos… Natal é Jesus dizendo Que todos somos irmãos. Espírito Leôncio Correia, do livro Antologia Mediúnica do Natal, psicografado por Chico Xavier.  

Evangelho

Baseando no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo a predicação do apostolado que lhes compete, os Espíritos Superiores não se apegam a qualquer nuvem de mistério para sustentar o alimento à fé religiosa, em cuja renascença colaboram, na qualidade de homens redivivos. É que a vida extrafísica promove, nos que pensam, mais altas ilações com respeito à realidade. Se há leis que presidem ao desenvolvimento do corpo, há leis que regem o crescimento da alma. Jesus no estábulo não é um fenômeno isolado no espaço e no tempo: é acontecimento vivo para o espírito humano. Cristo homem veio plasmar o Homem Cristo. Há quem enxergue no Cristianismo a simples apologia do sofrimento. Acusam-no pensadores e filósofos vários, tachando-o em oposição à beleza e à alegria. Para eles, Jerusalém teria asfixiado a felicidade e o encanto da vida, a fluir vitoriosa e serena nos ajuntamentos da Grécia e de Roma. Antes do Mestre, a única beleza espiritual, geralmente conhecida, era aquela das virtudes filosóf...

Na noite de Natal

Noite de Paz e amor! Repicam sinos, Doces, harmoniosos, cristalinos, Cantando a excelsitude do Natal!…  A estrela de Belém volta, de novo, A brilhar, ante os júbilos do povo, Sob a crença imortal. De cada lar ditoso se irradia A glória da amizade e da harmonia, Em festiva oração; Une-se o noivo à noiva bem-amada, Beija o filho a mãezinha idolatrada, O irmão abraça o irmão. Dentro da noite, há corações ao lume E há sempre um bolo, em vagas de perfume, Sob claro dossel…  Em edens fechados de carinho, De esperança e de mel. Mas, lá fora, a tristeza continua…  Há quem chora sozinho, em plena rua, Ao pé da multidão; Há quem clama piedade e passa ao vento, Ralado de tortura e sofrimento, Sem a graça de um pão. Há quem contempla o céu maravilhoso, Rogando à morte a bênção do repouso Em terrível pesar! Ah! Como é triste a imensa caravana, Que segue, aflita, sob as trevas humanas Sem consolo e sem lar…  Tu que aceitaste a luz renovadora Do Rei que se humilhou na manjedoura...

Mestre e aprendiz

… E respondendo ao discípulo que lhe pedira ensinasse a orar, disse o Mestre generoso: Quando rogares amor, não abandones o próximo ao frio da indiferença. Quando suplicares o dom da fé viva, não relegue teu irmão à descrença ou à tortura mental. Quando pedires luz, não condenes teu companheiro à perturbação nas trevas. Quando solicitares a bênção da esperança, não espalhes o fel da desilusão. Quando implorares socorro, não olvides a assistência que deves aos mais necessitados. Quando rogares consolação, não veicules o desespero à margem do caminho. Quando pedires perdão, desculpa os que te ofendem. Quando suplicares justiça, em favor da própria segurança, não te descuides da harmonia de todos que precisas assegurar ao preço de tua renunciação e de tua humildade, a benefício dos que te cercam. Se reclamares pela claridade da paz, não entendas a sombra da discórdia; se pedires compreensão, não critiques; se aguardares concurso do Céu, não menosprezes a colaboração que o mundo te pede...

Ser Cristão

O Evangelho no mundo é o Livro da Alegria, Revelando em Jesus o Coração da História. Sob a estrela fulgente e em cânticos de glória, A Manjedoura surge e a Graça principia. Nas Bodas de Caná, o Senhor faz-se o guia Da festa de noivado, em milagre e vitória, E em toda a Galileia é a beleza incorpórea, Trazendo amor e sol à Terra escura e fria. Converte a própria cruz, que o flagelo domina, Em mensagem da vida imortal e divina, Doando à fé sublime augusta sementeira. Em júbilo sem par, alcançando o Infinito, Ser cristão é ser luz ao mundo amargo e aflito, Pelo dom de servir à Humanidade inteira. Espírito Olavo Bilac, do livro Antologia Mediúnica do Natal, psicografado por Chico Xavier.