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Pensamento e desobsessão

Falamos de pensamento livre.  Analise o corpo de que você se serve no plano material: do ponto de vista do autocontrole, é uma cabine perfeita com dispositivos especiais destinados à sua própria defesa.  O cérebro com os centros diretivos da mente funciona encerrado na caixa craniana, à maneira de usina quase lacrada num cofre forte.  Os olhos registram impressões, mas podem conservá-las em estudo discreto.  Os ouvidos são forçados a escutar o que lhes afete a estrutura, entretanto, não precisam dizer o que assinalam.  A voz é produzida na laringe sem necessidade de arrojar de si palavras em desgoverno.  Mãos e pés por implementos de serviço não se movimentam sem determinações da vontade.  Os recursos do sexo não atuam sem comando mental.  Fácil, assim, verificar que não existe trabalho desobsessivo sem reajuste da emoção e da ideia, porquanto todos os processos educativos e reeducativos da alma se articulam, de início, no pensamento.  Eis...

Nos caminhos do sempre

Nem sempre se te fará necessário fitar a retaguarda para reconhecer as vantagens da própria situação.  Basta recordar os obstáculos que já venceste.  Impossível não te lembres de certas ocasiões difíceis, no grupo doméstico, nas quais, sem esperar, conseguiste manter o próprio equilíbrio, a fim de auxiliar aos que se te ligam à existência.  Fácil rememorar os momentos de azedume, dos quais a passagem do tempo te desligou para o retorno à tranquilidade.  Perigos que te ameaçaram, desapareceram, sem que os vissem, no instante em que se entrecruzavam na estrada.  Ocorrências infelizes que atravessaste foram muito mais advertências da vida ao teu senso de ponderação e serenidade que calamidades irreparáveis, conquanto, em alguns casos, provações inevitáveis se te emplacassem no contexto das próprias experiências.  Preterições sofridas geraram várias conquistas de melhoria que atualmente desfrutas.  Mudanças desagradáveis e compulsórias transformaram-se ...

Amigos e inimigos

O amigo é uma bênção. O inimigo, entretanto, é também um auxílio, se nos dispomos a aproveitá-lo. O companheiro enxerga os nossos acertos, estimulando-nos na construção do melhor de que sejamos capazes. O adversário identifica os nossos erros, impelindo-nos a suprimir a parte menos desejável de nossa vida. O amigo se rejubila conosco, diante de pequeninos trechos de tarefa executada. O inimigo nos aponta a extensão da obra que nos compete realizar. O companheiro nos dá força. O adversário nos mede a resistência. Quem nos estima, frequentemente categoriza nossos sonhos por serviços feitos, tão só para induzir-nos a trabalhar. Quem nos hostiliza, porém, não nos nega valor, porquanto não nos ignora e sim combate-nos, reconhecendo-nos a presença em ação. Na fase deficitária da evolução que ainda nos caracteriza, precisamos do amigo que nos encoraja e do inimigo que nos observa. Sem o companheiro, estaremos sem apoio e, sem o adversário, ser-nos-á indispensável enorme elevação para não t...

De pé, os mortos!

Pede-me você uma palavra para o introito do “Parnaso de Além-túmulo”, que aparecerá brevemente em nova edição. (Refere-se à 2ª edição, publicada em 1935).  A tarefa é difícil. Nas minhas atuais condições de vida, tenho de destoar da opinião que já expendi nas contingências da carne. Os vivos do Além e os vivos da Terra não podem enxergar as coisas através de prismas idênticos. Imagine se o aparelho visual do homem fosse acomodado, segundo a potencialidade dos raios X: as cidades estariam povoadas de esqueletos, os campos se apresentariam como desertos, o mundo constituiria um conjunto de aspectos inverossímeis e inesperados. Cada esfera da vida está subordinada a certo determinismo, no domínio do conhecimento e da sensação. Decerto, os que receberem novamente o “Parnaso de Além-túmulo” dirão mais ou menos o que eu disse. (Alude às crônicas que ele, quando encarnado, escrevera no Diário Carioca, em julho de 1932, ao surgir a 1ª edição do Parnaso).  Hão de estranhar que os mo...

Epístola a Jesus

Mestre e Senhor:  Após longos anos de lutas e de esforços dedicados à difusão da tua palavra redentora, chegamos a realizar uma das nossas maiores aspirações – dar à publicidade esta despretensiosa obra, que cremos encerrar os princípios doutrinários que motivaram a tua vinda a este mundo, e cujo único escopo é dar uma interpretação clara e sucinta da tua inigualável Doutrina.  O tempo, esse grande iconoclasta que derrui monumentos e devasta metrópoles; que assiste ao ritmo cadenciado do camartelo do progresso, à sucessão das gerações e à transformação da mais sublimada ciência que ao homem foi dado conhecer, não teve, até agora, poder contra a tua Doutrina sem mácula. Tudo tem passado nestes dois mil anos, na Terra quanto no Céu – mas a tua palavra brilha como um Sol sem ocaso, guiando as ovelhas tresmalhadas, os cordeiros perdidos do Rebanho de Israel à porta do aprisco, para restituí-los ao Bom Pastor.  De década em década, as religiões, que não são de tua autoria, ...

Mãos à obra

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 14:26.) A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita. O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho. Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação. Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados. Por quê? Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros. Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à frequência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simple...

Palavras do Infinito

(Este prefácio foi redigido para a 2ª edição impressa em 1936) A reedição do livro Palavras do Infinito encontra natural explicação no rápido escoamento que tiveram os cinco mil exemplares da publicação anterior, cujos pedidos, vindos de toda parte, denotaram o interesse dos que leem pelas coisas da espiritualidade. Muito a animou também, concorrendo para a nova tiragem, a boa vontade do digno confrade Francisco Cândido Xavier, a cuja mediunidade e solicitude se devem estas encantadoras comunicações, enviando-nos mais crônicas, mensagens e alguns versos inéditos que tanto ilustram e exortam esta segunda edição.. Humberto de Campos, graças à infinita bondade do Criador, continua a escrever para os “que ficaram”, fazendo-o aliás com a irrecusável autoridade de repórter verdadeiro e sobretudo insuspeito para tratar de assuntos do Além, pois, tivesse ele sido, na Terra, espírita praticante, não faltariam opositores fanáticos que viessem refutar os luminosos conselhos que manda às almas ...